terça-feira, julho 28, 2009

Ginásio




Chego agora, a suar que nem bica, do ginásio, após 1h30 de duro treino! É bom para a forma, para o peso, mas sobretudo para o espírito! Nunca fui grande adepta de desporto (talvez devido à minha excessiva preguiça). A disciplina de Educação Física era a que mais detestava e aquela a que, por mais que me esforçasse, nunca conseguia ter boas notas (na realidade, o esforço era relativo...). Mas hoje percebo que, inevitavelmente, sempre que venho do ginásio me sinto mais leve... Se fosse mística, diria que é devido ao facto de libertar as minhas energias negativas! Mas como não sou, baseio-me na ciência e justifico esta sensação com a elevada produção de endorfina que é libertada durante o exercício físico e nos concede esta sensação de bem-estar pós-esforço...






Na realidade, é nisto que penso para me motivar a sair de casa e ir ao ginásio!!

domingo, julho 26, 2009

..dormir..


Quando perguntamos a uma criança qual é a coisa que ela mais detesta fazer, raras são as vezes em que esta não é: dormir! Pois é! Eu própria, quando era criança, me recordo que dormir era daquelas coisas pavorosas, um autêntico desperdício de tempo, um verdadeiro sacrifício, quase castigo... E na minha casa sempre houve regras bem definidas sobre os horários a que nos deveríamos deitar, pelo que era bastante difícil alterar essa rotina. Nessa altura, achava fantástico o facto dos meus pais poderem ficar acordados até mais tarde, poderem decidir a que horas se deitam e a que horas acordam, sem quaiquer restrições que não os seus compromissos. E pensava como seria óptimo quando fosse crescida e pudesse fazer o mesmo!!

Pois bem, como todos aqueles que outrora foram crianças que pensaram da mesma forma, hoje gostaria de poder ter aproveitado ao máximo esses anos para dormir, dormir, dormir... sem preocupações, horários para cumprir, tarefas para realizar, aulas para dar (e ter), sem quaisquer tipo de responsabilidades e, acima de tudo, sem pressa! Sem pressa de acordar e sem dormir à pressa, mesmo, pois há aqueles dias em que parece que as 7h que dormimos foram apenas 3h, porque até nos sonhos somos confrontados com as nossa preocupações!

É por isto que quando ouço uma criança dizer que não quer ir dormir, só me apetece oferecer-me para ir dormir por ela! Oxalá fosse possível...

sábado, julho 25, 2009

Belo sábado que está hoje!! O céu está limpo, o sol brilha e os pássaros cantam! Nada mais animador do que abrir a janela e contemplar um dia assim... perfeito!

sexta-feira, julho 24, 2009

Grande Eça (continuação)


“Eu citei, com discreta malícia, Schopenhauer e o «Ecclesiastes»... Mas Jacinto ergueu os ombros, com seguro desdém. A sua confiança nesses dois sombrios explicadores da vida desaparecera, e irremediavelmente, sem poder mais voltar, como uma névoa que o sol espalha. Tremenda tolice! Afirmar que a vida se compõe, meramente, de uma longa ilusão – é erguer um aparatoso sistema sobre um ponto especial e estreito da vida, dexando fora do sistema toda a vida restante, como uma contradição permanente e soberba. Era como se ele, Jacinto, apontando para uma urtiga, crescida naquele pátio, declarasse trinfalmente: «Aqui está uma urtiga! Toda a quinta de Torges, portanto, é uma massa de urtigas.» - Mas bastaria que o hóspede erguesse os olhos para ver as searas, os pomares e os vinhedos!
De resto, desses dois ilustres pessimistas, um, o alemão, que conhecia ele da vida – dessa vida que fizera, com doutoral majestade, uma teoria definitiva e dolente? Tudo o que pode conhecer quem, como este genial farsante, viveu cinquenta anos numa soturna hospedaria de província, levantando apenas os óculos dos livros para conversar, à mesa-redonda, com os alferes da guarnição! E o outro, o israelita, o homem dos «Cantares», o muito pedantesco rei de Jerusalém, só descobre que a vida é uma ilusão aos setenta e cinco anos, quando o poder lhe escapa das mãos trémulas, e o seu serralho de trezentas concubinas se torna ridiculamente supérfluo à sua carcaça frígida. Um dogmatiza funebremente sobre o que não sabe – e o outro sobre o que não pode. Mas que se dê a esse bom Schopenhauer uma vida tão completa e cheia como a de César, e onde estará o seu schopenhauerismo? Que se restitua a esse sultão, besuntado de literatura, que tanto edificou e professorou em Jerusalém, a sua virilidade – e onde estará o «Ecclesiastes»? De resto, que importa bendizer ou maldizer a vida? Afortunada ou dolorosa, fecunda ou vã, ela tem de ser vivida. Loucos aqueles que, para a atravessar, se embrulham desde logo em pesados véus de tristeza e desilusão, de sorte que na sua estrada tudo lhes seja negrume, não só as léguas realmente escuras, mas mesmo aquelas em que cintila um sol amável. Na Terra tudo vive – e só o homem sente a dor e a desilusão da vida. E tanto mais as sente, quanto mais alarga e acumula a obra dessa inteligência que o torna homem, e que o separa da restante Natureza, impensante e inerte. É no máximo da civilização que ele experimenta o máximo de tédio. A sapiência, portanto, está em recuar até esse honesto mínimo de civilização, que consiste em ter um tecto de colmo, uma leira de terra e o grão para nela semear. Em resumo, para reaver a felicidade, é necessário regressar ao Paraíso – e ficar lá, quieto, na sua folha de vinha, inteiramente desguarnecido de civilização, contemplando o anho aos saltos entre o tomilho, e sem procurar, nem com o desejo, a árvore funesta da Ciência!”

in Contos, "Civilização"

Grande Eça

Ontem, ao ler este excerto, tive ainda mais presente a grandeza de Eça de Queiroz:

"Como eu observei ao meu Jacinto, na cidade nunca se olham os astros por causa dos candeeiros - que os ofuscam - e nunca se entra por isso numa completa comunhão com o universo. O homem nas capitais pertence à sua casa, ou, se o impelem fortes tendências de sociabilidade, ao seu bairro. Tudo o isola e separa da restante natureza - os prédios obstrutores de seis andares, a fumaça das chaminés, o rolar moroso e grosso do ónibus, a trama encarceradora da vida urbana... Mas que diferença, num cimo de monte, como Torges! Aí todas essas belas estrelas olham para nós de perto, rebrilhando, à maneira de olhos conscientes, umas fixamente, com sublime indiferença, outras ansiosamente, com uma luz que nos palpita, uma luz que chama, como se tentassem revelar os seus segredos ou compreender os nossos... E é impossível não sentir uma solidariedade perfeita entre esses imensos mundos e os nossos pobres corpos. Todos são obras da mesma vontade. Todos vivem da acção dessa vontade imanente. Todos, portanto, desde os Uranos até aos Jacintos, constituem modos diversos de um ser único, e através das suas transformações somam na mesma unidade. Não há ideia mais consoladora do que esta - que eu, e tu, e aquele monte, e o Sol que agora se esconde, são moléculas do mesmo Todo, governadas pela mesma Lei, rolando para o mesmo Fim. Desde logo se somem as responsabilidades torturantes do individualismo. Que somos nós? Formas sem força, que uma Força impele. E há um descanso delicioso nesta certeza, mesmo fugitiva, de que se é o grão de pó irresponsável e passivo que vai levado no grande vento, ou a gota perdida na torrente! Jacinto concordava, sumido na sombra. Nem ele nem eu sabíamos os nomes desses astros admiráveis. Eu, por causa da maciça e idesbastável ignorância de bacharel, com que saí do ventre de Coimbra, minha mãe espiritual. Jacinto, porque na sua ponderosa biblioteca tinha trezentos e dezoito tratados sobre astronomia. Mas que nos importava, de resto, que aquele astro além se chamasse Sírio e aquele outro Aldebarã? Que lhes importava a eles que um de nós fosse José e outro Jacinto? Éramos formas transitórias do mesmo ser eterno - e em nós havia o mesmo Deus. E se eles também assim o compreendiam, estávamos ali, nós à janela num casarão serrano, eles no seu maravilhoso infinito, perfazendo um acto sacrossanto, um perfeito acto de Graça - que era sentir constantemente a nossa unidade e realizar, durante um instante, na consciência, a nossa divinação."
in Contos, "Civilização"
Simplesmente soberbo e inspirador!

Rotinas...

Não gosto nem nunca gostei de pessoas certinhas, que têm tudo demasiado planeado e a horas certas, que organizam as férias com 1 ano de antecedência, que preparam trabalhos e projectos com 6 meses de antecedência, planeiam com 10 anos o dia em que se casam e em que vão nascer os filhos e, quem sabe, a data do divórcio (embora isto seja já mais complicado de prever!). Gosto da espontaneidade, do imprevisto, das alterações de última hora e do repensar de tudo o que era suposto ser feito!A vida não deve ser demasiado rotineira. Deve sim ter lugar para alterações de última hora, acidentes de percurso, imprevistos que nos obriguem a utilizar a inteligência para encontrar soluções que farão com que tudo tenha mais encanto. Porque uma vida sem isto, sem esta capacidade de improvisação, é como um mar sem ondas, estagnado, condenado à morte em poucos dias.

sábado, julho 18, 2009


Estou tão cansada que não consigo pensar. Tudo em mim me dói e pesa. Não vivo. Arrasto-me.

quinta-feira, julho 16, 2009

Quem me manda a mim pensar e repensar para depois ficar frustrada por não encontrar resposta? Quem me manda a mim continuar, mesmo assim, sem pôr termo a esta autoflagelação?

Pensar demais não leva a lado nenhum... Deixa-me longe de onde eu quero ir. Ofusca-me a alma e o coração. Apaga-me o brilho dos olhos e a espontaneidade do meu sorriso. Rouba-me a inocência e a ingenuidade que em tempos tive.

Não me faz mais forte. Pelo contrário, faz-me tomar consciência da desordem em que vivo e deixa-me angustiada!
Não quero pensar. Quero apenas deixar entrar os raios de sol, brilhantes e ardentes, sem barreiras nem obstáculos!

Oxalá pudesse parar e sentir-me livre... Só isso!!!

Foi há 40 anos!




segunda-feira, julho 13, 2009

Posto isto, decidi ir fazer limpezas! Nada como umas boas horas mascarada de fada do lar para a irritação passar... ou transferir-se para outra coisa!

Enfim...


Às vezes dou comigo a pensar porque motivo decidi eu ser guitarrista. Por que motivo decidi eu passar o resto da vida a estudar sem ter qualquer tipo de certeza acerca dos frutos que isso me irá trazer? Pelo menos poderia ter escolhido outro instrumento, mais "popular", em que me bastava ir para uma orquestra para ter alguma segurança! Mas não, tinha de ser diferente...

Hoje estou um bocado chateada, porque parece que não estou a evoluir em nada! Era suposto estar esta semana toda a fazer o curso com o Ponce, mas graças a este problema no punho foi tudo por água abaixo. Concurso Jovens Músicos? Nem vê-lo, fica para a próxima (se houver e eu ainda tiver idade para participar)... Como se não bastasse ligo agora mesmo para a Médis, para confirmar a autorização para fazer uma ressonância magnética (para finalmente saber o que tenho no pulso!!!) e dizem-me que só posso fazer na 5ª feira, que é precisamente o dia em que o meu médico vai de férias, só voltando daí a 1 mês! Resultado: vou ficar mais 1 mês sem saber como me orientar porque não sei se isto é apenas uma tenossinovite ou algo mais...


Enfim, há coisas que não se explicam e opções que às vezes não entendemos! Não fosse eu uma pessoa optimista e já tinha mudado a minha vida!

sábado, julho 11, 2009


Pode-se dizer que sou uma mulher de paixões. E isso traz sempre alguma inconstância... Por vezes dou por mim a adorar algo que passado algumas horas já não me desperta qualquer interesse. E a única justificação que consigo encontrar para este facto é a paixão. É a sua efemeridade que me torna assim! Muitas pessoas diriam que isso é mau, mas penso que a paixão é um daqueles sentimentos essenciais a alguém que é eternamente irresignável, porque fala sempre mais alto que a razão e leva-nos onde não iríamos se assim não fosse, mesmo que depois voltemos para trás...


Isto tudo para dizer que hoje comecei a ler o Livro do Desassossego do Pessoa/Soares e estou francamente apaixonada por cada linha que leio, o que me leva automaticamente a estar apaixonada pelo autor!

Epidemia dos pseudo-escritores


O nosso país anda a ser subitamente invadido com uma epidemia de pseudo-escritores. Não é coisa recente, isto é, já dura há alguns anos, mas tende a agravar-se de forma drástica e, diria eu, já com contornos assustadoramente preocupantes. Esta epidemia provoca uma publicação imoderada de livros publicitados como grandes revelações e "best-sellers" e tem como principal sintoma a arrogância de qualquer um, principalmente se fôr figura conhecida (independentemente dos motivos que o levaram a tal) se poder auto-intitular de escritor. E os principais frutos desta grave (a meu ver!) epidemia, são livros desprovidos de qualquer conteúdo, que giram à volta dos clichés habituais dos dramas amorosos e/ou familiares, sem algo para acrescentar para além do ridículo em que se tornam.

Qualquer livro da Margarida Rebelo Pinto já me alertava para o início desta enfermidade, mas agora tenho a certeza que esta se consolida a um ritmo preocupante. E o que me realmente me deu esta certeza foi o entrar numa livraria e ver publicitado um livro do Cláudio Ramos, "Abraça-me" de seu nome. Eu já ficava boquiaberta quando via livros como "Amar-te depois de Amar-te" da Fátima Lopes que, segundo parece, já publicou para além deste mais duas outras obras primas. E chocada com a publicação dos livros do Zezé Camarinha e da Carolina Salgado. Mas isto foi mais do que um choque, foi um abalo do qual ainda não recompus. E depois temos os livros que saltam dos blogues, como o "A Pipoca Mais Doce", que, calculo, seja de grande interesse literário.


Enfim... Esta epidemia está no auge e o problema é que parece ter vindo para ficar, sem que se aviste uma possível vacina! Onde é que está o tempo em que os escritores eram só e somente isso, ou pelo menos em que a única actividade que acumulavam com esta era a de pensador ou filósofo? Onde está o tempo em que um livro era uma obra de arte inegável, ao invés de ser usado desta forma banal e sensacionalista, aproveitando-se e sustentando-se exclusivamente do fenómeno das massas?


Por favor, tirem-me disto!

sexta-feira, julho 10, 2009

Ando ausente destas lides bloguísticas há uns dias... Sempre numa correria entre aulas, recomeço do estudo da guitarra (mas não, não estou melhor...!), ginásio, etc, etc... No entanto, não poderia deixar passar esta data em branco!

Cumprem-se hoje 70 anos sobre a morte de um dos meus compositores (e guitarristas) preferidos: Fernando Sor. Há algo de especial na delicadeza da sua música, que faz com que me identifique tanto com ela. Sor foi o primeiro compositor a dedicar-se exclusivamente à guitarra e relatos de pessoas da época referem que "encantou os parisienses com um instrumento que (...) era uma orquestra completa encerrada numa pequena caixa". Não podia estar mais de acordo!!

sexta-feira, julho 03, 2009

E perdemos Maria João Pires...


Maria João Pires renuncia à nacionalidade portuguesa, tornando-se apenas cidadã brasileira. Penso que Portugal fica mais pobre com notícias como esta e que devemos com urgência parar para pensar no que é de facto mais importante. É certo que somos um país com poucos recursos, mas não podemos deixar fugir os nossos artistas, os que levam Portugal mais longe! Hoje foi Maria João Pires, amanhã será José Saramago e por aí fora... porque na realidade há já muito poucos que vivem cá dentro!!

quinta-feira, julho 02, 2009

Retratos de um Portugal rural


Eu adoro fotografia, especialmente retratos. Encontrei estas fotografias por acaso e não resisti a colocá-las aqui no blog. Pela sua beleza natural, pela simplicidade e pureza que as torna tão artísticas mas simultaneamente tão reais.
Fotografias fantásticas, sem dúvida!!











Sophia


Completam-se hoje 5 anos sobre a morte de uma das maiores escritoras e poetisas portuguesas: Sophia de Mello Breyner.


«A poesia é das raras actividades humanas que, no tempo actual, tentam salvar uma certa espiritualidade. A poesia não é uma espécie de religião, mas não há poeta, crente ou descrente, que não escreva para a salvação da sua alma – quer a essa alma se chame amor, liberdade, dignidade ou beleza.»

Aqui fica a minha homenagem!


A hora da partida soa quando
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.

A hora da partida soa
quando as árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.
Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.

Sophia de Mello Breyner Andresen

É o estado da Nação!!

Há uns tempos, durante uma acesa discussão diziam-me:


" -Tens que aprender com os deputados do Parlamento. Eles discutem mas nunca se excedem!"


É inevitável que esboce um sorriso quando me recordo desta frase e olho para o que aconteceu hoje no debate do Estado da Nação!!