terça-feira, fevereiro 04, 2014

Less is more


Ultimamente tenho reflectido sobre diversas aspectos da minha vida que gostaria de alterar. Um deles é a questão do apego aos bens materiais, às coisas que, pouco a pouco, vamos acumulando e inevitavelmente se vão transformando em "tralha". Essa "tralha", embora muitas vezes seja constituída por várias pequenas coisas, vai crescendo e acrescentando preocupações na nossa vida. E essa "tralha" é maioritariamente composta por coisas supérfluas, que guardamos apenas porque sim, porque nos dá pena deitar fora ou doar a alguém. É certo que todos temos objectos que nos trazem recordações, que têm um valor sentimental, mas há muitas outras que coleccionamos por nada, que simplesmente vamos acumulando ao longo da vida e colocando a um canto à espera que um dia possamos vir a utilizar (embora o mais provável é esse dia não chegar). Não quero com isto dizer que deitemos fora metade das coisas que temos ou que utilizemos de forma irresponsável o que vamos comprando. O que quero dizer é que chego à conclusão que compramos demasiadas coisas, coisas que não precisamos e que vão acabar por ficar de lado por não serem, de facto, necessárias. Revejo-me completamente nesta situação e isto é algo que me tem incomodado. Compro pequenas (e por vezes não tão pequenas) coisas só porque me apetece comprar, porque não reflicto sobre a real necessidade delas ou porque me deixo levar pelo consumismo desenfreado que atinge a nossa sociedade (e do qual, inevitavelmente, não sou excepção). E agora dou comigo a pensar: será que preciso de cinco cremes para o corpo, outros cinco para a cara, mais não sei quantos para as mãos quando na realidade só utilizo um de cada vez? Será que preciso de dez cadernos, duas canetas da mesma cor e mais uma mão cheia de borrachas? É obvio que estes exemplos são de pequenas coisas, de pouco valor, mas é precisamente nas pequenas coisas que começa a mudança de hábitos. É em pequenos passos que mudamos a nossa percepção daquilo que realmente precisamos. Porquê comprar uma tv nova se a nossa está óptima e, se afinal, não lhe damos assim tanta utilidade? Porquê comprar um iPad se a utilização que lhe vou dar é pouca ou quase nenhuma? 

Ao responder a estas interrogações apercebo-me que, para viver bem e ser feliz não preciso de nada disto. Preciso, sim, de tempo, de tranquilidade, de liberdade mental para me dedicar inteiramente ao que mais gosto e ao que melhor sei fazer. Não são estas coisas que vão fazer de mim uma pessoa melhor. São as experiências, as viagens [que sim, também custam dinheiro], o investimento na nossa formação pessoal, os momentos com a família e amigos [e mesmo sozinhos] que nos fazem ser melhores e nos permitem evoluir. É o tempo para pensar, agir e concretizar, que muitas vezes não temos porque estamos demasiado preocupados em ganhar mais dinheiro para comprar isto ou aquilo, que mais falta nos faz. E é por isto que estou cansada de ter tanta coisa, de pensar demasiado em coisas supérfluas que mais tarde ou mais cedo se vão transformar em tralha. É por isto que, se antes pensava que precisava de trabalhar mais para poder ter mais coisas, agora penso que quero ter menos coisas para poder trabalhar menos e ter mais tempo, mais calma, mais tranquilidade, mais paz de espírito. E é por isto que decidi que vou começar a "destralhar" a minha vida. Com pequenos passos, é certo, mas que estou certa que terão grandes resultados.

Um comentário:

  1. Partilho dessa visão. A vida para mim sempre fez mais sentido com menos "coisas". Nunca precisei de muito para ser feliz e é nas coisas mais simples que encontro as maiores alegrias. Às vezes alegrias pequenas, mas que nos fazem sorrir por dentro e sentir em paz.

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