segunda-feira, junho 29, 2009

...dispersões...


Perdi-me dentro de mim
Porque eu era labirinto,
E hoje, quando me sinto,
É com saudades de mim.
Passei pela minha vida
Um astro doido a sonhar.
Na ânsia de ultrapassar,
Nem dei pela minha vida...
Para mim é sempre ontem,
Não tenho amanhã nem hoje:
O tempo que aos outros foge
Cai sobre mim feito ontem.
(O Domingo de Paris
Lembra-me o desaparecido
Que sentia comovido
Os Domingos de Paris:
Porque um domingo é familia,
É bem-estar, é singeleza,
E os que olham a beleza
Não têm bem-estar nem familia).
O pobre moço das ânsias...
Tu, sim, tu eras alguém!
E foi por isso também
Que te abismaste nas ânsias.
A grande ave dourada
Bateu asas para os céus,
Mas fechou-as saciada
Ao ver que ganhava os céus.
Como se chora um amante,
Assim me choro a mim mesmo:
Eu fui amante inconstante
Que se traíu a si mesmo.
Não sinto o espaço que encerro
Nem as linhas que projecto:
Se me olho a um espelho, erro -
Não me acho no que projecto.
Regresso dentro de mim,
Mas nada me fala, nada!
Tenho a alma amortalhada,
Sequinha, dentro de mim.
Não perdi a minha alma,
Fiquei com ela, perdida.
Assim eu choro, da vida,
A morte da minha alma.
Saudosamente recordo
Uma gentil companheira
Que na minha vida inteira
Eu nunca vi... Mas recordo
A sua bôca doirada
E o seu corpo esmaecido,
Em um hálito perdido
Que vem na tarde doirada.
(As minhas grandes saudades
São do que nunca enlacei.
Ai, como eu tenho saudades
Dos sonhos que não sonhei!...)
E sinto que a minha morte -
Minha dispersão total -
Existe lá longe, ao norte,
Numa grande capital.
Vejo o meu último dia
Pintado em rolos de fumo,
E todo azul-de-agonia
Em sombra e além me sumo.
Ternura feita saudade,
Eu beijo as minhas mãos brancas...
Sou amor e piedade
Em face dessas mãos brancas...
Tristes mãos longas e lindas
Que eram feitas pra se dar...
Ninguém mas quis apertar...
Tristes mãos longas e lindas...
E tenho pêna de mim,
Pobre menino ideal...
Que me faltou afinal?
Um elo? Um rastro?... Ai de mim!...
Desceu-me n'alma o crepusculo;
Eu fui alguém que passou.
Serei, mas já não me sou;
Não vivo, durmo o crepúsculo.
Alcool dum sono outonal
Me penetrou vagamente
A difundir-me dormente
Em uma bruma outonal.
Perdi a morte e a vida,
E, louco, não enlouqueço...
A hora foge vivida,
Eu sigo-a, mas permaneço...
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Castelos desmantelados,
Leões alados sem juba...
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Mário de Sá-Carneiro, in 'Dispersão'

quinta-feira, junho 25, 2009

O dilema da incoerência e inconstância


incoerência
s. f.
1. Falta de coerência; qualidade de incoerente.
2. Fig. Discrepância; desconexão.


inconstância
s. f.
1. Falta de constância; volubilidade.
2. Instabilidade.
3. Infidelidade.



A incoerência é uma característica do homem. Tal como a inconstância. É impossível ser-se coerente em todos os aspectos e, como tal, constantes. Digamos que ambas são aliadas da evolução, mas apenas quando não utilizadas em excesso e em demasiadas situações quotidianas. Ser incoerente no pensar/agir ou vice-versa é a prova de que não se tem suficiente certeza naquilo que se acredita. É diferente de mudar de opinião, que pode ser também interpretado como uma evolução, como sinónimo de maturidade. Contudo não há verdades absolutas e o que pensamos hoje pode não ser o que pensamos amanhã, ou umas horas depois. Estamos em constante mutação e a nossa percepção altera-se, o que leva a que determinados aspectos que outrora considerámos verdades absolutas sejam postos em causa tempos depois. Também isto é incoerente. Se a incoerência é sinónimo de imaturidade, como pode ser simultaneamente sinal de evolução? Penso que a fronteira entre ambas as situações é ténue. Há determinados valores ou ideais aos quais devemos ser fiéis e constantes, pois só assim conseguiremos crescer enquanto indivíduos, sem constantes oscilações de personalidade. Contudo, tem que haver uma margem para a incoerência e a inconstância que nos são inatas, sob pena de nos tornarmos obsoletos e ultrapassados por não ter a capacidade de questionar e de evoluir com as respostas a essas questões.

Não é fácil encontrar o equilíbrio. Penso que Freud terá a solução:

"Diz-se que quem modifica de tempos a tempos as suas ideias não merece qualquer confiança, porque faz supor que as suas últimas afirmações são tão erróneas como as anteriores. E, por outro lado, quem mantém as suas primeiras ideias e não as abandona facilmente, passa por teimoso e iludido. Perante estes dois juízos opostos da crítica, há só uma opção a fazer: permanecer-se aquilo que se é, e seguir-se apenas o próprio juízo."


Sigmund Freud, in 'As Palavras de Freud'

terça-feira, junho 16, 2009

Ainda em standby..

"Não interessa o que se trata de levar a termo: o que interessa é perseverar até ao fim."
Confúcio
Já lá vão 9 dias desde que toquei guitarra pela última vez! No entanto, esta tenossinovite é persistente e teima em não melhorar, antes pelo contrário. Vou hoje à minha segunda sessão de fisioterapia, mas até agora nada tem dado resultado... Eu bem disse que é necessário ser-se perseverante e optimista, porque de outra forma nada feito!

segunda-feira, junho 15, 2009

É uma questão de gostos!


Eu gosto de sol. Gosto de ir à praia com um bom livro. Gosto do cheiro do mar e da Primavera. Do cheiro da terra molhada de chuva depois de um dia de sol. Gosto de ouvir a chuva bater na janela. Gosto de acordar cedo. Gosto mais ainda de me deitar cedo. Gosto de escrever. Gosto de música, de guitarra acima de tudo. Gosto de Saramago, de Yourcenar e outros tantos. Gosto de roupas, bijuterias e outras futilidades. Gosto de fotografia. Gosto de violoncelo. Gosto de ver o pôr do sol da minha janela. Gosto de pão com manteiga. Gosto dos dias cinzentos quando posso ficar em casa. Gosto de crepes. Gosto de túlipas e girassóis. Gosto do saber. E de pessoas inteligentes. Gosto de ir ao ginásio. Gosto de Ponce e de Sor. Gosto do 2º Concerto para piano e orquestra de Rachmaninov. Gosto de gatos. Gosto de Brahms. Gosto de dormir. Gosto de acordar a meio da noite e ver que ainda falta imenso tempo para acordar. Gosto de elogios. Gosto do silêncio. Gosto da minha pequena grande família. Gosto de ver um bom filme enrolada numa manta. Gosto de adormecer no sofá. Gosto de verde e castanho. Gosto de café. Gosto de viajar. Gosto de ler o jornal. Gosto da beleza discreta. Gosto de ouvir bons conselhos. E de tentar dar. Gosto de aprender. Gosto de viver com a certeza de saber que ainda há muita coisa para eu poder gostar.

desconfiança...


"A maior miséria da vida humana (outros dirão outra), eu digo que é não haver neste mundo de quem fiar. "

Pe. António Vieira - "Sermões"


Nos últimos tempos a minha descrença nas pessoas aumentou. Descrença no sentido de nunca conseguir acreditar verdadeiramente em alguém, de achar que há sempre algo que ficou por dizer ou que se tentou esconder. E isso angustia-me... Angustia-me não viver na tranquilidade de saber que posso confiar em alguém. Gostava de conseguir recuperar a ingenuidade adolescente, de acreditar piamente nas maiores barbaridades como se fossem grandes verdades. Penso que somos mais felizes quando conseguimos viver dessa forma, do que quando vivemos sempre na penumbra da desconfiança! Não é uma opção, é uma consequência...



domingo, junho 14, 2009

Ingenuidade infantil

Quando era pequena perguntei à minha mãe:

"Mas oh mãe, como é que eu nasci dentro da tua barriga? Tu comeste-me?"

Não me lembro qual a resposta que me deu, mas lembro-me da cara atónita com que ficou!

sábado, junho 13, 2009

O que queres ser quando fôres grande?



Tenho por hábito fazer um pequeno inquérito aos meus alunos. Uma das perguntas que faço sempre é a célebre: "O que queres ser quando fores grande?". Não é só por curiosidade. Percebo através da resposta com que tipo de aluno estou a lidar, quais as suas aspirações, um pouco da sua personalidade e fico a saber quais são as profissões do "futuro" (embora esta parte seja bastante falível! Quando era pequena queria ser juíza...)! O habitual é quererem ser médicos (sem especialidade ainda definida!), ou engenheiros, ou veterinários... Depois há aqueles um pouco mais sonhadores (ou talvez não) que querem ser astronautas, ou cientistas que irão fazer clones! Há ainda a habitual percentagem dos indecisos, que, ou ainda não pensaram nisso, ou ainda estão a decidir de entre as profissões que referi anteriormente, qual aquela que me melhor perspectivas lhes apresenta. Contudo, já sabem com toda a certeza o que NÃO querem ser: arrumadores de carros, empregados/as de limpeza, empregados/as de balcão e afins! Logo aqui começa a discriminação!

Mas há dias fiz esta célebre questão a um aluno, a quem não sei porquê ainda não tinha feito. Estava à espera da habitual resposta, para se juntar à minha sondagem, e eis que ele me responde: "Cozinheiro"!
Gostei!
Foi o primeiro aluno até hoje que fugiu aos clichés das profissões ditas "bem"... e o mais engraçado é que ainda me deu umas dicas sobre culinária!

Considerações


Penso que todos nós, por vezes, talvez várias vezes na vida, passamos por crises existenciais, em que colocamos em causa tudo aquilo que temos e tudo aquilo que construímos ate então. Uns mais radicais que outros, todos passamos por estes momentos de introspecção e de análise. Tentamos perceber até que ponto aquilo que temos é, de facto, aquilo que queremos ou simplesmente aquilo que podemos ter. E depois existem uns que se resignam com o que podem ter e vivem para sempre, talvez frustrados, sem ter a coragem de alterar alguma coisa, de arriscar e dar o passo que no fundo gostariam de dar. Existem outros que arriscam: terminam relações, mudam de emprego, de vida, na expectativa de ir mais longe... uns conseguem e outros não!

Existem pessoas que passam, que conhecemos hoje e amanhã já não nos lembramos delas. Existem outras que nos acompanham, nos bons e maus momentos, que mesmo que nunca mais as vejamos, ficarão eternamente na nossa memória por aquilo que vivemos com elas! E nem sempre são aquelas que pensamos que seriam, porque é nos maus momentos que percebemos quem está connosco para nos dar a mão e nos segurar quando estamos á beira do precipício (ou quando achamos que estamos!). Tudo tem um lado bom. Mesmo tudo. Crescemos com cada dificuldade e, embora não saibamos como vamos acordar no dia seguinte, uma coisa é certa: acordaremos diferentes porque seremos pessoas mais fortes. Como me disse há tempos um amigo meu : "Lá porque hoje tens esta vida, não significa que a terás para sempre..."!

sexta-feira, junho 12, 2009

Tem de ser...




Acabaram-se os feriados, pelo menos para mim... Estou com pouca vontade de ir dar aulas, mas tem de ser! Sim, eu sou mesmo muuuuuuuuuito preguiçosa!!!

quinta-feira, junho 11, 2009

Vou dormir...

Dói-me a cabeça, dói-me a barriga, doem-me as pernas, dói-me o pulso... dói-me tudo!

Até amanhã...

Simplesmente belo...

Simplesmente adoro Villa-Lobos!




"Sim, sou brasileiro e bem brasileiro. Na minha música eu deixo cantar os rios e os mares deste grande Brasil".

citado em "Presença de Villa-Lobos" - Página 65, de Museu Villa-Lobos - Publicado por Museu Villa-Lobos, 1965

Use condoms, please!

Sobre a minha relação com a História da Música do Cinema

"História da Música do Cinema" foi a única disciplina de opção em que me inscrevi durante este ano lectivo. Agora, que a última aula foi na passada 3ª feira, cheguei à conclusão que, apesar de só ter assistido a 4 ou 5 aulas, aprendi sempre alguma coisa sempre que lá fui... Foi nessa aula que conheci dois dos filmes que mais impressionaram até hoje, pela qualidade e pela carga dramática, mas também pela beleza implícita...
O primeiro foi "Vem e vê" (ou "Come and See") de Elem Klimov. É um filme russo de 1985, que retrata a invasão nazi na Rússia e é baseado em factos verídicos e no livro "The Kathin Story" the Adamovich. O filme desenvolve-se à volta de um rapaz de 16 anos, Flyora, que vai presenciando uma série de barbaridades e execuções realizadas pelos Nazis, das quais consegue sempre sair vivo... No entanto, o seu rosto de adolescente vai-se alterando, espelhando os horrores da guerra!
O título é retirado de uma passagem do Apocalipse:
". . . and I heard one of the four living creatures saying, as with a voice of thunder, "Come and see!".
A música é habilmente utilizada por Klimov para aumentar este efeito de tensão... Raramente há música no sentido que conhecemos. Ouvimos apenas ruídos, que nos alertam para a presença dos helicópteros de vigia que sobrevoam a área onde decorre a acção, ouvimos gritos, tiros, explosões, mas nunca vemos uma única gota de sangue! Contudo, a sensação de ver este filme é terrível, sobretudo devido à veracidade dos factos.

Aqui está o trailer. Infelizmente não tem áudio, mas há mais vídeos com excertos do filme no youtube:



Deixo também a cena final do filme, com o Requiem de Mozart em pano de fundo:




O segundo filme também é de guerra, curiosamente! Trata-se de Underground de Emir Kusturika. O filme divide-se em três partes: inicia-se durante a II Guerra Mundial, retrata o Comunismo durante a Guerra Fria e termina com a desintegração da Jugoslávia durante a Guerra dos Balcãs nos anos 90. Talvez por conhecer uma pessoa que passou por todo este horror, este filme foi particularmente chocante!




Em jeito de balanço final, por estes dois filmes já valeu a pena ir às aulas de História da Música do Cinema!

quarta-feira, junho 10, 2009

Devaneios pela solidão


Na vida, chega um momento - e penso que ele é fatal - ao qual não é possível escapar, em que tudo é posto em causa: o casamento, os amigos, sobretudo os amigos do casal. Tudo menos a criança. A criança nunca é posta em dúvida. E essa dúvida cresce à sua volta. Essa dúvida, está só, é a da solidão. Nasce dela, da solidão. Podemos já nomear a palavra. Creio que há muita gente que não poderia suportar o que aqui digo, que fugiria. Talvez seja por essa razão que nem todos os homens são escritores. Sim. Essa é a diferença. Essa é a verdade. Mais nada. A dúvida é escrever. É, portanto, também, o escritor. E com o escritor todo o mundo escreve. É algo que sempre se soube. Creio também que sem esta dúvida primeira do gesto em direcção à escrita não existe solidão. Nunca ninguém escreveu a duas vozes. Foi possível cantar a duas vozes, ou fazer música também, e jogar ténis, mas escrever, não. Nunca.


Marguerite Duras, in "Escrever"

Dedicatória aos amigos


Há uns tempos, recebi este texto por email:


Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas jogadas fora,
das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e
momentos que partilhamos.

Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos
finais de semana, dos finais de ano, enfim...
do companheirismo vivido.

Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje não tenho mais tanta certeza disso.
Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum
desentendimento, segue a sua vida.

Talvez continuemos a nos encontrar, quem sabe...
nas cartas que trocaremos.
Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...
Aí, os dias vão passar, meses...
anos... até este contacto se tornar
cada vez mais raro.
Vamo-nos perder no tempo...

Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão:

"Quem são aquelas pessoas?"
Diremos...
que eram nossos amigos e...
isso vai doer tanto!
"Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida!"
A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...

Quando o nosso grupo estiver incompleto... reunir-nos-emos para um último
adeus de um amigo.
E, entre lágrimas abraçar-nos-emos.
Então faremos promessas de nos encontrar mais vezes daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida,
isolada do passado.

E perder-nos-emos no tempo...


Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida
passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes
tempestades...
Eu poderia suportar, embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os meus amores,
mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!


Fernando Pessoa



Confesso que a linguagem não me parece de Pessoa, mas, seja lá de quem fôr, subscrevo inteiramente!


terça-feira, junho 09, 2009

Temporariamente em standby


Tantas foram as vezes em que por mera preguiça fiquei dias a fio sem pegar na guitarra... Arranjava desculpas ridículas para adiar o inevitável que seria começar a estudar. Tudo era pretexto: telefone, computador, televisão, livros, lanches, etc., etc.... Agora que não pego na guitarra há 48h, parece que não sou eu... Não sei o que fazer com este tempo que me sobra porque na realidade não sei fazer mais nada! Tento animar-me pensandoque poderei finalmente ter tempo para ir ao ginásio, para ler todos os livros que me apetece, para ver todos os filmes que quiser, para ouvir música, mas falta sempre qualquer coisa... e é logo a coisa mais importante! Pelo menos uma coisa positiva já aprendi com esta (dolorosa) experiência: que é de facto a guitarra que me faz mais falta, porque agora que não posso tocar é que tenho a certeza que não posso nem consigo viver sem ela!



Como já dizia Nietzsche:

Sem a Música a vida seria um erro!"




P.S.: Para ser sincera, não foram bem 48h... Foram 48h menos 2 minutos em que toquei na guitarra do Fernando com o pretexto de experimentar uma Marín!

domingo, junho 07, 2009

HOME - O Mundo é a Nossa Casa

"É demasiado tarde para ser um pessimista..."
Este poderia ser o subtítulo para o documentário Home, que estreou no último dia 5 de Junho, Dia Mundial do Ambiente! Trata-se de um documentário de cariz ambientalista, que tem como principal objectivo alertar a população mundial para os problemas ambientais do Planeta Terra e demonstrar a urgência que existe em alterar determinados hábitos de viida. Para isto, Home mostra imagens aéreas da Terra, filmadas em 54 países. É um misto de beleza e terror, na medida em que, a par das extraordinárias imagens que podemos observar, vamos tomando consciência dos graves problemas que afectam o nosso planeta, muitos dos quais são já irreversíveis! A realização é de Yann Arthus-Bertrand e a produção de Luc Besson. Penso que valerá a pena ver e pensar duas vezes sobre o futuro que queremos para todos nós!
O documentário completo e em português encontra-se em http://www.youtube.com/watch?v=tCVqx2b-c7U .


sábado, junho 06, 2009

Eleições, oh eleições...


Amanhã é dia de eleições, como já é sabido! Só não sei em quem votar, uma vez que as opções também não são muitas... Ou melhor, as opções são muitas, o problema é que nenhuma me inspira grande confiança. Vou aproveitar este belo serão de sábado para me informar acerca destas questões da Europa (sim, eu pertenço àquela grande fatia da população que não percebe nada dos assuntos europeus... nem sei ao certo o que é o Tratado de Lisboa). Mas não passa de hoje, que já estou farta de me sentir tão ignorante!

quinta-feira, junho 04, 2009

E a minha mais recente aquisição é....





... uma tenossinovite dos extensores do indicador e anelar no punho esquerdo! =( Agora ando de tala...

quarta-feira, junho 03, 2009

Um clássico

Sim, sei bem

Que nunca serei alguém.

Sei de sobra

Que nunca terei uma obra.

Sei, enfim,

Que nunca saberei de mim.

Sim, mas agora,

Enquanto dura esta hora,

Este luar, estes ramos,

Esta paz em que estamos,

Deixem-me crer

O que nunca poderei ser.

F. Pessoa

Há dias assim...


Há dias levantei-me cedíssimo, porque tinha uma consulta importante e não podia mesmo chegar atrasada... Sendo essa consulta às 9h20 da manhã, fico presa num engarrafamento que não me deixa passar dos 10 kms hora durante mais de 1 hora! Ou seja, acabo por ter de faltar à consulta! Como se não bastasse, recebo entretanto uma mensagem. O que será? Pois bem, uma aluna minha, a quem iria dar aula depois da consulta, a dizer-me que hoje não poderia ir à aula... Enfim, levantei-me cedíssimo, mas sempre dá para ir estudar (penso eu...)! Mas constato em seguida que, com a pressa, e o pânico de chegar atrasada à consulta que acabei por ter de faltar, me esqueci das partituras em casa... Acabo por passar a manhã num centro comercial qualquer (porque afinal até precisava de comprar umas sandálias...) e quando chego à escola onde vou dar a minha próxima aula, dizem-me que a aluna pediu para avisar que não pode ir à aula pois está doente!! Enfim, há dias em que, ao contrário do que diz o ditado, o melhor é acordar o mais tarde possível...
Mas sempre deu para comprar as sandálias!


«A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o viajante se sentou na areia da praia e disse: “Não há mais que ver”, sabia que não era assim. O fim da viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.»


José Saramago in Viagem a Portugal

terça-feira, junho 02, 2009

Gosto...

Gosto de pequenos poemas que dizem muito em poucas palavras... Gosto de desfolhar um livro e cruzar-me com pequenas frases que resumem o que sinto!


Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na luta por um bem definitivo
Em que as coisas de amor se eternizassem.
Sophia de Mello Breyner Andresen

Se pensarmos assim talvez tudo corra melhor!