sábado, julho 11, 2009

Epidemia dos pseudo-escritores


O nosso país anda a ser subitamente invadido com uma epidemia de pseudo-escritores. Não é coisa recente, isto é, já dura há alguns anos, mas tende a agravar-se de forma drástica e, diria eu, já com contornos assustadoramente preocupantes. Esta epidemia provoca uma publicação imoderada de livros publicitados como grandes revelações e "best-sellers" e tem como principal sintoma a arrogância de qualquer um, principalmente se fôr figura conhecida (independentemente dos motivos que o levaram a tal) se poder auto-intitular de escritor. E os principais frutos desta grave (a meu ver!) epidemia, são livros desprovidos de qualquer conteúdo, que giram à volta dos clichés habituais dos dramas amorosos e/ou familiares, sem algo para acrescentar para além do ridículo em que se tornam.

Qualquer livro da Margarida Rebelo Pinto já me alertava para o início desta enfermidade, mas agora tenho a certeza que esta se consolida a um ritmo preocupante. E o que me realmente me deu esta certeza foi o entrar numa livraria e ver publicitado um livro do Cláudio Ramos, "Abraça-me" de seu nome. Eu já ficava boquiaberta quando via livros como "Amar-te depois de Amar-te" da Fátima Lopes que, segundo parece, já publicou para além deste mais duas outras obras primas. E chocada com a publicação dos livros do Zezé Camarinha e da Carolina Salgado. Mas isto foi mais do que um choque, foi um abalo do qual ainda não recompus. E depois temos os livros que saltam dos blogues, como o "A Pipoca Mais Doce", que, calculo, seja de grande interesse literário.


Enfim... Esta epidemia está no auge e o problema é que parece ter vindo para ficar, sem que se aviste uma possível vacina! Onde é que está o tempo em que os escritores eram só e somente isso, ou pelo menos em que a única actividade que acumulavam com esta era a de pensador ou filósofo? Onde está o tempo em que um livro era uma obra de arte inegável, ao invés de ser usado desta forma banal e sensacionalista, aproveitando-se e sustentando-se exclusivamente do fenómeno das massas?


Por favor, tirem-me disto!

Um comentário:

  1. Bem justiça seja feita à autora do blog, é ela que o escreve, e sabe escrever. Já quanto ao que as suas opiniões acrescentam ao mundo tens razão. Mas os outros livros achas que foram eles que os escreveram? Havia de ser bonito... Escreveram tanto como o Jardel na sua auto-biografia. Vá se calhar um bocadinho mais, mas depois vem alguém com mais de 10 neurónios corrigir, claro.

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